sexta-feira, 29 de junho de 2012

Ela não está mais lá

Não olhe pra trás. Não importa se ainda ela estará na plataforma da estação ou se já partiu. Você que decidiu isso, você fez o que quis. Entrou no trem e desejou partir para qualquer lugar indefinido, desde que longínquo, desde que ela não estivesse mais lá. Não olhe pra trás, o problema não é se ela ainda está na plataforma, e sim que você quer que ela ainda esteja. Você espera que ela desça todas as escadas, esteja atrás de todas as portas. E se ela estivesse? Nada mudaria. Se você quis partir, você teve um motivo. Você não suportou, ela asfixiava seu cérebro, envenenava suas veias, você acordou daquela comatose, aquela dormência latente. Voltar atrás não é uma opção, então é bom que você não mais a projete naquela plataforma, por mais que você queira mais do que a vida, com um desejo mais desesperado do que fora sua decisão de partir, que ela não saia do lugar. Ela provavelmente pegou outro trem. Vocês seguirão rumos distintos agora. A distância é desoladora, mas lembre-se sempre do alívio que lhe trouxe, alívio que ela não pudera - porra, não quisera - fornecer. Você tem de amputá-la, feche os olhos e arranque-a fora, e a dor passou, foi só um susto. Não espere que ela venha lamber suas feridas. Por mais que estejam em carne viva, perceba, isso é porque você ainda está vivo.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Ossos

Não sei explicar porque parei de comer. Há algo de nauseante nessa necessidade de alimento, na busca constante pela satisfação de um estômago inquieto, que faz com que eu resista à mastigação, à deglutição , à digestão. Sinto-me mais real ao perceber que agora consigo sentir que meus ossos começam a aparecer, rasgando-me a pele, enquanto minha barriga não cessa em seu apelo dolorido e constante, que enfim suplanta o aperto em meu coração. Comer seria ceder, desistir dessa nova pretensão de autoconhecimento. Sei que sou apenas esqueleto, carcaça consumida pelos abutres, uma estrutura vazia, conveniente, que serve de mero suporte de tempos em tempos, mas que enferruja cada vez mais. Em breve atirar-me-ei ao ferro velho. A ferrugem corrói-me os ossos, o cansaço circunda meus olhos. Mas sinto-me real. Minha birra infantil diz respeito a mim apenas, não envolve mais ninguém. Sorrio debilmente, finalmente algo que só diz respeito a mim. Porque eu tenho que pensar em mim mesma, e para consegui-lo, preciso primeiramente ser capaz de me sentir. Não sei mais aonde estou, me perdi. Saio à rua como uma criatura do submundo, a luz cega-me os olhos, o mínimo movimento me deixa sobressaltada, os sons artificiais e eletrônicos me agridem. Tudo me parece tão distante, tão irreal. Mas quando sinto meus ossos, sei que ao menos eu sou real. Olho-me no espelho após uma noite mal dormida e sorrio com satisfação. Meus olhos fundos, as pálpebras recaídas, as olheiras escuras, tudo isso reflete como sou no interior. Não uso mais uma máscara, e não quero ter que usar, não quero ter que respirar de maneira limitada, abafar minha angústia, esconder minhas lágrimas. Não quero mais viver em sociedade. Agora sou uma criatura do submundo.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Eco

É como um grito que se perde no vácuo. Teu nome na lista do chat me chama, como um apelo velado, um sinal contido. Sei que não quero mais confusão, não queres mais me confundir, mas agora meus próprios sentimentos e memórias me confundem. Teus sinais vitais estão fraquejando em mim, mas ainda assim oscilam - sístole, diástole, forte, fraco. Quisera eu não foste tão fraco, que teus sentimentos por mim fossem mais fortes. Se não te bastei, ao menos sei que me basto. É bom que haja só uma voz em minha mente, ainda que seja amarga, ainda que grite ainda que me questione. Mas minto. Tua voz ainda ecoa. "Há outra saída?". Meu sorriso retorcido para baixo, a careta que segurava meu choro, diz que não. Não fui intransponível de propósito, queria que me transpusesses. Permaneço assim, in limbo. Sou um pé no futuro, outro no passado, ainda na indefinição do presente. Devo me esforçar para voltar, mesmo quando tudo me impelia para frente? Teu corpo jaz inerte, estás pálido e não reages. Contudo, tua voz ainda ecoa.

E se você soubesse?

E se você soubesse que eu demoro até ir dormir porque não gosto de acordar no dia seguinte? Se eu te contasse todos os sonhos doidos que eu tenho e que me modificam de alguma forma todos os dias, mas que nunca me tiram do lugar, uma vez que sempre acordo na mesmice? E se você tivesse conhecido minha risada de porco? E se você tivesse me deixado cuidar de você despreocupadamente, sem que essa pressão esquisita implodisse o que tínhamos? E, de súbito, aquele turbilhão de sentimentos vira nada. Você não me bagunça mais. Já fechei a porta, aqui você não entra.

domingo, 24 de junho de 2012

Acabou?

Acabou e não foi nada. Acabou do jeito que queríamos que tivesse durado, na tarde leve de domingo, com os jovens (bem, pelo menos os mais jovens que nós) jogando futebol despreocupadamente na nossa frente, enquanto nós dois compartilhávamos reminiscências difusas. Acabou porque eu sentia que você estava desaparecendo, com você me perguntando se eu queria dar um ponto final. Eu não queria dar um ponto final, caramba, mas o que eu não aguentava mais eram tantas interrogações. Não foi porque eu te apaguei que você começou a desaparecer, você começou a desaparecer porque você me apagou e eu não entendi o porquê. Talvez não tivesse um porquê, e mesmo que tenha, acho que não importa já que acabou. Acabou e é definitivo, senão não teria acabado. Tudo encerra-se naquele momento final, você apertando a minha cintura com firmeza, eu com a cara enterrada na curva que o seu pescoço faz com o ombro, tudo era estática, latejava de uma maneira que eu não entendia bem, e parecia que nós iriamos ignorar tudo aquilo que fora decidido anteriormente, porque nenhum de nós queria soltar. Porque você me deixou ir? Eu sei que eu só te soltei porque se ficasse mais um segundo naquele abraço, eu que iria desaparecer em você, eu iria derreter e me fundir, eu não ia conseguir largar. E você só iria embora com os ombros curvados, pedindo desculpas por sei lá qual razão, por algo que eu não tinha que desculpar, por coisas que eu só devia lamentar. Contudo, optei por não me lamentar, decidi reeditar o calendário e te tirar das minhas preocupações. Não sei porque você não soltou, não sei porque você não quis insitir. Talvez tenha sido bom que não tenha me dado um motivo pra ficar, porque você sabe, não é? Você sabe que eu ficaria. Acho que esse foi o problema, será? Ou o problema é que você não sabia nada de mim, até mesmo que não quis saber suficientemente. Suas feridas ainda estavam abertas, eu não sabia. Mas o que eu poderia ter feito a respeito disso? Devia tê-las costurado, esperá-lo cicatrizar para que você pudesse ser meu? Será que fui fraca, frívola, volúvel por não tê-lo querido de qualquer forma? Só porque não quis o que você tinha a oferecer, não significa que não queria você. Acho que você sabe disso. Porque o que você tinha a oferecer era tão pouco, era tão frágil e superficial, eu não vi como manter as coisas. Tudo encerra-se (será?) quando te vejo de costas, a postura ereta, o pescoço absurdamente branco, enfim tenho certeza de que você não está mais olhando e decreto minha rendição incondicional, deixando os estranhos no metrô verem a minha dor, não propositalmente, mas porque não consegui mais me segurar. Acordei nesse dia sabendo que o fim tinha começo, que por fim tomou sua forma, e invadiu minha boca com aquele gosto amargo. Mas ainda conseguia sentir o seu perfume em minhas roupas, sua mão afagando meus cabelos, conseguia sentir o aperto daquele abraço, mas sentia-o agora em meu coração. Não quero você distante, e esse é o problema. Mas você está desaparecendo, tornando-se agora uma ideia, um gosto amargo, um peso no meu coração.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Fora de ordem

Desordem, bagunça e marasmo. Como prosseguir em meio a esse imobilismo? Esse strip tease da alma não tem audiência, não devo me humilhar. Devo eu mesma me ignorar, só penso asneiras.

"What is love?"

Poderia muito bem deletar o seu número, mas que bem faria se já o tenho gravado em minha memória? Poderia muito bem tentar te deletar do meu convívio social (muito embora seja um tanto quanto difícil, uma vez que moramos nessa cidade ovo de codorna), mas que diferença faria se no seio do meu lar, em meio ao abandono alaranjado e doentio de meus aposentos, ainda consigo ver seus olhos quando enegrecem-se os meus? Poderias ser iguais aos outros, os que vieram antes de ti, ou como são os outros com os quais me distrai enquanto não estavas (oh, era desespero, puro desespero, não te enciúmes), contudo és distinto. Eles que são todos iguais, diferentes em estatura, ofício, endereço - mas todos iguais em essência -, apenas seriam zumbidos sem significado em meus ouvidos, isso se sequer ressonassem. Apenas palavras vazias, muito embora alguns tenham acreditado firmemente no amor que tentavam declamar. Eu não acreditava, eu os rejeitei. Não que tenhas declamado algum amor por mim - e eu também não declarei amor por ti. Mas em ti sempre busquei apenas isso, busquei um cuidado característico tão somente do amor. Iríamos chegar lá, eu sentia, eu sabia, mas mais do que tudo eu esperava, projetando no horizonte um pôr-do-sol de glorioso laranja-avermelhado. Juntava minhas mãos em otimismo inesperado, não característico, quase um alienígena em terreno dos meus sentimentos, e pedia aos céus. Qualquer força sobrenatural que pudesse me ajudar seria aceita, embora não acreditasse em nenhuma delas. Esperei como nunca antes havia esperado. Como isso seria congruente se tinha consciência que não devia esperar coisa alguma? Não fora esse o acordo verbal selado pelos nossos lábios em diversas ocasiões? Só porque fazia sentido em minha cabeça, não quer dizer que atenderia aos anseios de meu coração. E de repente me vejo assim, brega, barata e clichê, falando dos anseios de meu coração. Mas porque me sinto assim: deito-me em minha cama, cerro os olhos com força e busco fluidez, busco leveza e placidez, e nada escuto do silêncio da noite além das palpitações advindas de meu seio. E desde quando o coração pode palpitar sobre qualquer coisa? Não hei de permitir, está proibido! Encontra-se trancafiado numa cela torácica por uma razão, exato, pela razão da qual sou possuidora e da qual me utilizo sempre. Sou iluminada por ela, entidade de suprema grandeza, faculdade mental que faz com que eu seja eu e não outra, que faz com que seja sapiente, homo sapiens, garota sensata: nunca se deixou levar e sempre teve a cabeça feita pelas suas próprias necessidades, nunca entregou-se a um qualquer, nunca abaixou a cabeça, nunca ajoelhou-se aos pés de um macho, nunca deixou suas vontades serem suprimidas pelas de outrem. Nunca foi amada. Ao menos não como mulher, como amante, como confidente dentre lençóis, não olhando nos olhos de alguém que me pertencia, com a mutualidade inerente (ou suposta?) do amor, alguém a quem pertencia também. Era amiga, era filha, irmã, aluna, e isso sempre me havia bastado. Porque desejaria ser mulher? Porque almejaria o estigma, o peso, as obscenidades, a objetificação, as frases sujas murmuradas em meu ouvido? Havia de ser por uma carência que não me era natural, não, não, eu não era assim, eu não seria assim. Precisaria apenas de mim mesma, dependeria apenas de mim mesma, apoiar-me-ia sempre sobre minhas próprias pernas - não me submeteria ao uso de muletas. De que servia o amor, afinal de contas? Para qual fim, se ao menos fosse um meio? Não sabia nem ao menos o que significava isso. Permaneceria sem saber. Viveria o resto de meus dias bastando a mim mesma, desprezando o amor romântico, afastando qualquer possibilidade de envolvimento. Nunca fui amada, nunca hei de ser e, o mais importante de toda essa resolução enrolada e dramática: não precisaria ser. E daí se conseguira vislumbrar o futuro nos olhos de outrem? Era apenas uma miragem, uma ilusão carente, um devaneio que tomara conta de mim num momento de fraqueza. Sempre soube que precisaria trilhar meu próprio caminho, abrir frestas em meio aos galhos cortantes - sem sutileza, empunharia em mãos um facão e havia de ser determinada, prosseguindo só, mesmo que me fosse oferecida alguma ajuda, mesmo que os cortes fossem muito profundos. Não sangrava, recusava-me a acreditar. Não havia sangue correndo em minhas veias, porque não havia coração para bombeá-lo. Toda e qualquer tentativa que ele fizesse de me desviar de meu caminho, tentando distrair-me com aquela alarmante vermelhidão, tentando chamar minha atenção para os cortes, para a dor - pura e simplesmente a dor - que era a solidão, seria ignorada. Ah, como desejei não sangrar! Mas o sangue acabou por sair-se de meus olhos, e não em vermelhidão obscena, mas sim em puras e límpidas lágrimas. Lágrimas bombeadas pelo coração enlouquecido, que sacudia as grades de sua cela incontrolado, secava-me a garganta, golpeava-me o estômago. Lágrimas que tentei em vão conter, envergonhada, sentindo-me ridícula por desaguá-las. Querendo desaparecer ao mesmo tempo em que esperava - idiota, idiota, idiota, ousando esperar alguma coisa!, e ainda mais esperando algo tão obsceno - que você viesse enxugá-las, que você viesse fazê-las cessar de algum modo. Que você viesse me tomar em seus braços, me fazer mulher, afagar-me os cabelos e segurar minhas mãos nas suas, me fazer namorada, sussurrar em meus ouvidos, me fazer cúmplice, beijar-me os grandes lábios, me fazer amante, beijar-me suavemente a boca, me fazer feliz. Amar-me simplesmente. Amar a mim, menina tola que sufocou e que continuava sufocando o que haveria em si de mais genuíno, menina sozinha, menina triste, menina ao abandono de pai e de mãe, menina que nunca foi amada.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Pôr-do-sol

Escrevo porque o pôr-do-sol hoje era apenas o momento em que o sol se pôs, tingindo os céus com seus raios alaranjados e quentes suavemente, com uma leveza que certeiramente atravessaria continentes, aclimatando meu peito, que se encontrava sereno. Admirei-o simplesmente por sua beleza, o ser-em-si, e não pelo que aquele evento significava em mim. Agradou aos olhos com sua simplicidade e com a dignidade casual de ocorrência do dia-a-dia. Era independente de mim, mas eu para sempre serei seu dependente, pois que admiro seu calor e de sua alegria suave. Mais que isso, necessito dele. Por vezes, porém, esqueço-me de sua ocorrência, acabo por perdê-lo quando fechada em meu quarto escuro, com as cortinas puxadas. Contudo, isso faz apenas com que meu estupor seja ainda mais intenso, quando me vem de surpresa, ainda que sempre pontual, é também sempre espontâneo, espontaneamente alegre e alaranjado, amarelado, avermelhado, arroxeado e, por fim, azulado. Passa por mudanças de forma matizada, indiferente ao seu admirador. E eu acabo por esquecê-lo, embora também sinta sua falta.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Carta ao estranho

Meu mais querido estranho, Escrevo-te tão somente por saber que nunca verás esta carta. Passo as palavras para o documento por ser incapaz de verbalizá-las. Sinto a necessidade de uma auto-análise, tendo em vista que ainda te ressinto, e não compreendo bem o porquê. Meu ressentimento é de teor mais amargo e venenoso e irracional possível - ressinto sua incapacidade de adivinhar meus desejos, meus sonhos, minhas frustrações. Ou talvez sua falta de vontade de tentar. Nossa ruína reside mais em tua indiferença do que em meu embaraço, disso tenho certeza. Estranho-me que tu continues um estranho, mesmo tendo-me aproximado de ti mais do que de qualquer outro. Tentei em vão com o que deixaste jogado por aí, para que se desfizesse em vapor, para que se tornasse fábula - a lição de moral seria destinada a mim, ignorada por ti. Prossegui nesse jogo sem sentido, me-abro, te-fechas, me-abro, te-fechas. Percebo que, na realidade, não temos mais nada a nos dizer. Dei-me por vencida, apenas peço que me ignores. Eu sei que ignoro tudo aquilo que pode ser relacionado a ti. Não hei de prosseguir. És apenas o cadáver irreconhecível no necrotério, o indigente que eu chutaria na rua. Não mais mereces minha atenção.

Não me corrompas

De ti já espero e peço tão pouco, não vejo como um absurdo estabelecer uma condição mínima. Não me corrompas. Não me leves por um caminho obscuro e torpe e abandone-me à mercê da depravação. Não me tomes de mim se não me queres para ti. Não me violentes, ao menos não sem cuidado. Não faças pouco de minha introspecção, de mim só eu tenho sabido ultimamente e, se quiseres sabê-lo, terás que primeiro espiar pelas frestas, criar brechas em mim sem que eu me torne consciente delas. Temo não ser mais minha, nunca soube me entregar. Sou fácil até certo ponto, dar-me aos outros nunca me foi característico. Entrega é um processo? Meu corpo, teu corpo; é possível que tornem-se um momentâneamente. Meu ser, porém, será pra sempre meu.

?

Devo sofrer em silêncio. Calar-me-ei objetivando que calem-se também as vozes da loucura em minha mente, para que sejam sufocadas as frustrações, para que eu não mais projete em outros minhas necessidades. Mas, faz favor, desassossegue-se em mim. Desague, desabe, desabafe, desfaça, desconstrua, desdiga. Sou pequena, falha e retorcida, pois que cheia de dores. Sinto-me ameixa seca e, ainda, sou o paradoxo do cavalo indomável que urge ser domado. Domestique-me então, pacifique. Clamas para que eu não me feche? O que farei a não ser recolher-me em meus aposentos onde a escuridão carcome, após encontrar todas suas portas fechadas? Cansei-me de chamar-te em vão, de bater em portas que nunca se abrem. Ah, hei de buscar o ar fresco, valorizar como nunca antes um adeus. E a deus, aos deuses, quiça ao Universo, entrego minha causa e minha sorte, porquanto as considero perdidas; não há mais de mim que possa dar além do que ofereci, encontro-me num estágio de fonte esgotada, alma seca, enrugada e vazia. Por isso nada mais cabe a mim, nem eu mesma me caibo, não há espaço nessa clausura absoluta. Não há luz, não há razão. Há apenas o medo, a escuridão e o silêncio. Posso enfim ouvir minha própria respiração dolorida, fruto dos esforços de um peito carregado em demasia.