sábado, 28 de agosto de 2010

só.

e o pouco me basta
pois não me sinto só
e nada mais me falta
pois já não me sinto só

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Sentimentos

Quando pequenos temos medo do bicho-papão. Quando crescemos superamos esse medo e passamos a temer sentimentos. De onde vem todo esse medo de sentir? Ou pelo menos, de admitir a existência dos sentimentos? De algum modo, suprimir o que sentimos parece-nos menos desagradável do que ter nossos sentimentos rejeitados. Todos os sentimentos merecem ser expressados de alguma maneira, mas, no final, acabamos não falando o que mais importa. A comunicação é a ferramenta humana mais falha. Nossa linguagem humana, de cuja mera existência temos tanto orgulho, cujas aplicações possíveis são inúmeras, não serve para nada além de manipular e mentir.

domingo, 15 de agosto de 2010

Evening Solace

by: Charlotte Bronte (1816-1855)

THE human heart has hidden treasures,
In secret kept, in silence sealed;--
The thoughts, the hopes, the dreams, the pleasures,
Whose charms were broken if revealed.
And days may pass in gay confusion,
And nights in rosy riot fly,
While, lost in Fame's or Wealth's illusion,
The memory of the Past may die.

But there are hours of lonely musing,
Such as in evening silence come,
When, soft as birds their pinions closing,
The heart's best feelings gather home.
Then in our souls there seems to languish
A tender grief that is not woe;
And thoughts that once wrung groans of anguish
Now cause but some mild tears to flow.

And feelings, once as strong as passions,
Float softly back--a faded dream;
Our own sharp griefs and wild sensations,
The tale of others' sufferings seem.
Oh! when the heart is freshly bleeding,
How longs it for that time to be,
When, through the mist of years receding,
Its woes but live in reverie!

And it can dwell on moonlight glimmer,
On evening shade and loneliness;
And, while the sky grows dim and dimmer,
Feel no untold and strange distress--
Only a deeper impulse given
By lonely hour and darkened room,
To solemn thoughts that soar to heaven
Seeking a life and world to come.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Sono

O sono continua a me perseguir, e dele fujo
Oh, sono vão, se soubesse como esse pega-pega
Estimula minha imaginação!
Quando morrer terei muito tempo para dormir
Enquanto viver, hei de preferir a companhia da inspiração.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Despedida

Despedida
Fui a estação naquele dia com o coração dormente. Não podia sentir nenhuma emoção propriamente dita, exceto a ansiedade por causa da dúvida a respeito do que viria após a despedida. Seria um vazio? Alívio? Arrependimento?
Coloquei-o dentro do trem e certifiquei-me quanto a sua prontidão a realizar aquele caminho só de ida. Nunca achei que fosse capaz de dar aqueles passos para me afastar e observá-lo da plataforma enquanto partia numa locomotiva. Do outro lado da linha do trem uma mulher alta, de postura imponente e olhar perfurante me fitava. Não reconheci-a instantaneamente, mas a partir de suas palavras duras fui capaz de identificar meu alter ego.
-Parece então que você optou por se tornar uma pessoa bem comum. - o desprezo destilava de sua língua como veneno.
Olhei então para o trem que estava prestes a sumir no horizonte. O vazio agora presente em meu peito parecia anunciar a saudade permanente que a partir de então me acompanharia, pois eu havia deixado alguém querido ao abandono definitivo.
-Você nunca percebeu? - perguntei. E, embora tenha dado uma pausa, não esperava por nenhuma resposta. Possivelmente, só quis adicionar um pouco de dramaticidade à minha fala. - Isso é tudo que eu sempre quis.
Então senti o alívio suprimir o remorso que ameaçara tomar conta de mim por causa de meu ato supostamente imperdoável. Sim, felizmente, uma vez que havia abandonado meu Sonho de grandeza naquele lugar, apesar de ter perdido o companheiro de uma vida toda, perdi também uma carga equivalente ao peso do mundo - do meu mundo, pelo menos - que estivera carregando por todo esse tempo.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Abdicação.

O porquê de certas coisas doerem tanto para mim enquanto os demais são indiferentes foge à minha compreensão. Sofrer o sofrimento de terceiros é exaustivo. Sofrer as consequências de sua leviandade ainda mais. Portanto, abdico à minha humanidade em prol de minha própria saúde mental.