quarta-feira, 28 de julho de 2010

Chegou uma hora que nada mais importava. Palavras, ações, momentos. Eu estava sozinha e não sabia o porquê. A coisa mais assustadora para se tomar consciência é a solidão. Nascemos sozinhos, vivemos sozinhos, morremos sozinhos.

Você sempre tem menos amigos do que imagina. Até que um dia percebe que só tem a si mesmo.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Intitulável

Subi as escadas com a expectativa em minha mente que logo transformou-se em agitação no peito e arrepio na espinha, ao abrir a porta e vê-lo ali, em seu lugar costumeiro, atrás de uma mesa estreita. Fechei a porta com um baque surdo e apressei-me para a sair de seu campo de visão, tentando evitar um temível encontro dos seus olhos nos meus. Temível e, ao mesmo tempo, altamente desejável, pois, por um breve instante antes que a vontade de desintegrar-me até a menor partícula me arrebatasse, o efeito daquele olhar transcendental seria de expandir minha alma de modo que eu vislumbrasse todos os lugares ainda que inerte, mergulhada numa letargia sublime. Resisti. Dirigi-me, discreta e apressada, ao fundo da sala. Sentei-me desejando e temendo que seu olhar tivesse me acompanhado até onde eu estava agora. Engajei-me em uma conversa sem rumo e sem nexo, apenas contribuindo com algumas palavras soltas, enquanto esperava que o efeito que ele exercia sobre mim passasse - efeito tal que eu sempre considerava plenamente superado até que me encontrasse com ele novamente.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Sobre sentimentos

Tenho tanto sentimento que não sei ao certo qual deles palpita em meu peito. Talvez sejam todos eles ao mesmo tempo. Por isso essa inquietude que me mantém acordada, essa ânsia que tenciona antecipar algo que possivelmente nunca se concretizará.

Vivo de ilusões. Não assimilo a realidade. Não aceito os fatos "pelo que são". Rejeito a racionalidade - muito embora só após muito me utilizar dela -, sob a premissa que no final toda emoção prevalece. Tudo é mais verdadeiro quando subjetivo, embora não seja compreensível - mas essa é a mente humana, uma mente que, por ser humana, é obrigatoriamente inundada por emoções contraditórias e sentimentos ilógicos.

terça-feira, 6 de julho de 2010

A utilidade do inútil

De tempos em tempos tenho crises a respeito da utilidade das produções literárias. Entretanto, como um cristão fervoroso sempre se reconcilia com sua fé e com seu deus, eu me deparo com os livros, o lápis e o papel e isso me basta. Afinal, indagar-se a respeito da finalidade das coisas é um ofício inútil, muito embora demasiado frequente. A busca eterna pela completude pode ser uma explicação plausível. O momento em que o verdadeiro escritor e o verdadeiro leitor encontram-se mais próximos de se sentirem inteiros é quando se deparam com uma obra-prima.