quinta-feira, 21 de abril de 2011

Nem de direita, nem de esquerda

Na verdade sou pra baixo. A maioria das disputas e discussões de impacto em voga no mundo são, ao meu ver, inúteis. Abstenho-me de paixões cegas de objetivo vazio. Não porque eu seja imune à paixão - duvido que um ser humano com tal constituição exista. Ah, e uma preguiça mental me toma, então sou forçada a adiantar minha conclusão:



Que por você eu disputaria - sem discussões.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Estilhaços

Se estilhaçar-me em incontáveis pedaços ajudasse a aliviar a sua dor, eu não hesitaria. Mas eu sempre soube que não poderia te salvar. Em meio a confusão de odores e corpos, acabei emaranhada em seu olhar e deixei que a Esperança me ludibriasse por alguns instantes. Quando retomei a consciência, percebi que apenas em meus devaneios nós dois não estávamos infelizes. Sentia a presença do seu olhar sempre presente em minhas costas, apesar de permanecer incapaz de detectar seus esforços mudos de me alcançar. Todas as vezes que eu ousava olhar para trás, seu olhar não estava mais lá para me encontrar. De quem seria a culpa? Minha, sua ou do descompasso?

Não era eu, o problema não era eu. Mas ainda assim a dúvida instigava a inquietação. Virei-me e tentei seguir o rastro do seu desespero, conseguindo me encontrar apenas com a sua sombra.

Eu estava em pedaços e você não tinha salvação.

Sentir, sentir e não agir

O problema é sempre sentir demais e agir de menos. Mas se não ajo é de modo a não prolongar sentimentos como a angústia, sensações como a taquicardia. Não nasci para noites insones e, ainda assim, morro um pouco mais dentro da escuridão sombria a cada dia que passa. Talvez minha única dor seja a de nunca ter sentido uma dor real, enquanto fui capaz de perceber a dor presente nos olhares mortos, nos sorrisos enferrujados e até mesmo nas almas rasas, as mais dolorosas para aqueles que com elas entram em contato, pois não conseguem se expandir e se aprofundar devido as limitações de um corpo.

A dor que sinto, ao perceber que apesar de tudo você ainda sorri, só aumenta.

Eu sempre soube que você era incapaz de me compreender, pois percebi que você não buscava pelo sofrimento. Como todas as pessoas saudáveis, você só queria ser feliz. Enquanto isso, ignorando todas as evidências da minha insanidade, eu queria entender das tormentas, do terror, da angústia, do pesar. Eu tentava compreender mesmo estando ciente que não havia nada de errado com a minha vida. Nada de muito grave. Ninguém havia morrido, ninguém passava fome, tudo em meu corpo estava inteiro e no mais perfeito funcionamento. Contudo, eu sabia que algo estava em pedaços, que algo estava muito errado.

Você nunca entenderia e eu não sei até que ponto você tentou. O fato é que é melhor que você não sinta o que eu sinto, mesmo que isso resulte nesse crescente abismo que se encontra entre nós. Mesmo que isso signifique que eu vou continuar sozinha.
Por vezes, tive esperanças de que você conseguisse me contagiar com a sua saúde. No entanto, soube que devia me afastar para evitar que você se contaminasse com a minha doença.

Eu não havia experienciado o verdadeiro sofrimento, nada estava errado e eu continuava me encontrando, ao procurar meu lugar dentro deste mundo hostil, em meio à solidão. Quanto à minha busca, optei por procurar pela dor já que esta sempre me pareceu mais alcançável do que a felicidade - uma noção para mim um tanto quanto abstrata e intangível.

Enquanto procurava aquilo que sempre está em sobra no mundo, muito embora estivesse em falta no meu mundo, distanciei-me cada vez mais da felicidade e arrastei, inconscientemente, as pessoas ao meu redor junto comigo.

Pensei muitas vezes em me desviar para o caminho da auto-destruição. Mas eu sabia que, não importava o quanto eu tentasse encontrar aquilo que eu ainda não sabia o que era, se montasse uma escala entre a alegria e o pesar e escolhesse qualquer uma das variações, meu interior continuaria vazio, meu peito restaria inerte. E no fundo eu já sabia qual era o meu verdadeiro problema.

Eu não sentia nada.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

E as ilusões?

The more you grow, the less you mature
You'll become more aware
Of the things that you have to endure
You'll never get what you want
You'll never know what you really need
Stick to the faded dream of the golden years
you were supposed to have
I'll never get what I want
But at least I have my illusions

Devaneio sobre um sonho

O que separa o sonho bom do ruim?

Um é o que queremos ser, o outro representa o que tememos?

Qual deles nunca vai acontecer? Será que algum deles há de se concretizar?

Quando vamos parar de tentar capturar com nossas mãos uma felicidade fluída que nos escorre por entre os dedos?

Ao invés de sonhares com castelos de areia, deves começar a empilhar tijolos.

E o Futuro do Pretérito?

Cai a noite e tudo adormece, menos as inquietações do meu âmago febril. Sei que não penso mais em você, mas ainda assim meu subconsciente insiste em me enganar utilizando-se de imagens do surreal. Afirmo com toda certeza que um dia já gostei de você. Mas se ainda gosto permanece um mistério...

Se um dia cheguei a escrever uma confissão a respeito do inconfessável tal qual se encontra abaixo:

"Eu queria poder te contar o que aconteceu comigo nos últimos meses. Queria ser capaz de contrariar o meu bom senso e fazer algo a favor da minha sanidade mental. Infelizmente, meu aprisionamento emocional parece intransponível como sempre parece ter sido. Ou talvez não... Analisando em retrospecto, talvez eu esteja presa dentro dos meus próprios sentimentos porque libertá-los não significou uma coisa boa na minha última tentativa. Apesar de que essa parece apenas uma justificativa construída a partir de um encaixe conveniente de acontecimentos passados no presente. A verdade é que sendo a pessoa realista que sou - ok, pessimista - não consigo ver o lado positivo da situação, nunca."


Então só me resta concluir:

Gostava, gostei, não sei se ainda gosto. Será que gostaria?