(dante rossetti - perséfone)
I
o que floresce em meio ao caos,
se os lobos mastigam o que é cerrado,
os escorpiões continuam afogando
os sapos? E o mundo permanece
si len ci a do.
fragmentos daquele último abraço,
partem-se da hermética caixa torácica.
farfalhaste de olhos pedido de socorro,
eu sei.
minha fé ficou na infância e
a confiança, reside somente na (tua)
natureza.
a you and a
me and chaos theory,
lost at the
abyssal liquidity,
of circles
within cycles within seasons,
shall we
find the loophole?
s’il fallait le
paradis
même si on lui a
perdu
escafandristas,
milênios, milênios de
[verão
quand nous étions
sous des couleures
qui nous ont
teint avec découverte.
but I might
paint it black
before you
paint me blue
only
because I do not seek Lilac Wine,
ácido, denso, unsteady like
II
Seu gozo às alturas,
meu gozo em ti
e na mais suave tessitura,
que abafou os tambores da traição
- interrompido -
eu (es)colhia flores e alcunha de Perséfone,
tuas vísceras devorei-as todas cruas,
com teus medos untei minhas feridas,
se és Adônis ou Dionísio.
III
– contingência – ipseidade – contiguidade
na concretude desértica
baseada em planalto estéril
onde não se faz história sem métrica.
Chronos e Atlas torturados não só pelo raio,
acometidos com tétano infecto,
da labareda sifilítica
de que que eu tô falando?
Acho que você olha
pra mim, mas não enxerga.
É o Nada?
Ou é a ti mesmo que buscas nesse abismo?
me disseram que coragem grande é poder dizer sim
não me afugento,
mas não sou algoz.
O que me resta, me cabe, te toca?
IV
minha mãe me disse: filha, cuidado com os homens,
meu pai me disse: filha, cuidado com o mundo,
meu irmão perguntou: você ainda tem medo do escuro?
eu que não sei, acho que temo a tudo,
tanto que me jogo epilepticamente lado-a-lado
à côté des mes
sentiments, couvertes par inertie
fumo no pulmão e vinho afogando meu coração.
pé em que estrada, senão a dos caminhos que bifurcam?
pensaram que estar sempre alerta fosse cessar sofrer,
mas não sabem que me doo desde o parto.
para quê cuidar com homens? que amam
sem amar, sem-paixão
cegam ao não enxergar,
– je voudrais ne
jamais t’avoir connu, Baudelaire.
antes eu não era insone,
antes eu acreditava.
mentira!
eu disse a eles: nada, pois sou a que sempre se cala.
e se transfigura em sombra taciturna,
para cultuar qualquer luz que se distancie,
qualquer reflexo translúcido que prometa
me flutuar para longe do coração humano;
e além do ponto, a porta que nunca se abre.
(V
se primavera,
outono espera?)