sábado, 23 de maio de 2015

orgânico

Sobre aquilo que não significa e não me assola.
Nada e Nunca Mais,
monstros de dentro do armário que agora saem para brincar.
A minha capacidade infinita de sentir afeto,
a minha espera contida e desesperançada,
minha leveza inexprimível.
Terei de inventar um novo vocabulário,
ou deixar de ressentir as palavras que já conheço.
Como fazer justiça a todos os amores inesgotáveis
que sorvi com lascívia e regurgitei com escárnio?
A celebração da minha partida é minha maior força,
pois que não posso estar enganada.
Mitologias, erudição, Sul.
A palavra não é o amor.
Não pode ser pois já estive errada;
é preciso estar livre, é preciso poder partir.
É preciso medir algum tempo que não seja teu.
Que venham os calendários e a passagem dos dias:
o tempo estático independente do referencial.
Chá de canela, ensaios, tipologias,
o ruído suave da clepsidra – sed de ubicuidad,
sucedidos pela relatividade e o entrelaçamento quântico.
[E todas as frases que eu roubei de Hilst e Borges e Cortázar]
Pata de coelho, búzios, chá de arruda;
que se cure a racionalidade imposta e as racionalizações.
A sede de ser outra saciada pela plenitude do Eu.
A vontade de ser água, sendo terra
amável, embora feita de pedra.
Orunmila sussurrou seu nome em meu ouvido!
E me contou da existência de outros Orixás.
Contiguidade – ipseidade,
espaldas, omoplata, olho – reflexos.
Concerto 2 opus 18,
capacidade humana de dizer e fazer coisas belas.
Bússola, métrica, pêndulo
conjugados na inevitabilidade do caos.
Ah, tá!
O que eu entendi:

você é meu talismã.

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