terça-feira, 1 de setembro de 2015

Corpo de madeira
frágil forma esculpida
pelas mãos insuspeitas
do artesão.

Assim, ele me toma para si.


A mudez é surda onde
sequer ousam ressonar
as juntas amedrontadas
sobre seus joelhos rijos.
O coração sói estar vivo,
onde a libertação última
é o suicídio.

O corpo de macho
do ardiloso ventríloquo
ordena-me e eu sorrio
senta-te e te sirvo
deita-te e te aprazo
silencia-me.

Corpo de fêmea,
território a ser clamado,
cerceado, devastado,
erodido, abandonado.
Louca! Estúpida!
É a mulher que foge
e vive sem mordaça.

Há que preferir a resignação:
sentar em seu colo,
estar de joelhos,
mas nunca a seu lado.
Mulher quando convém:
boneca infalível de corpo alienado.

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