sexta-feira, 24 de julho de 2015

siamesa amputada

09/12

Não devo rebuscar. Primeiramente, pois já estou madrugada adentro, mas além disso porque sou simples. Simplória, comum. Não tenho a capacidade de contornar os meandros, enlear rodeios, florear minhas confissões. Depois, porque sei bem o que quero dizer. Quando não sei - ou quando não quero admiti-lo - é que tento camuflar-me pelo uso excessivo de palavras, ou, mais comumente, por silêncios graves e observantes.
Estamos em dissonância. Continuamente alternando posições, nesse jogo que ocasiona tão somente a dor, nenhum prazer. Você diz que salvei sua vida, mas eu não quero o peso dessa responsabilidade a carregar. Você diz com o que se identifica, eu rebato, muda mortificada. Foste a criança deixada num cesto à minha porta. Não há como negar-te, pois sei que te alimento. Mas sabes tu que, por tua vez, me retroalimentas?
Contornas os meandros, vês razão-de-ser em meus defeitos. Sou séria, sou chata, sou ríspida. Mas sou eu e, por algum motivo que tu decifras em suas lentes estreitas, isso é de valor inestimável. Porque eu impus limites, fui intransigente, there's a gap in between where I end and you begin.

Nenhum comentário:

Postar um comentário