terça-feira, 13 de outubro de 2015

é preciso estar atento e forte
não temos tempo de temer a morte


meu amigo imaginário depois da primeira infância
mudou seu nome para Medo da Morte
e veio abrir meus olhos para o inestimável;
o passado depois da invenção dos choques terapêuticos
está mais vivo que o presente, esse pobre coitado.
e me contou que ele passou os últimos cinco meses
- isso sem que eu me desse conta dos sinais -
numa cama de hospital imobilizado por sedativos.
Medo me alertou para a necessidade de libertá-lo
e no Hoje engendraríamos um plano:
pois é preciso proteger o presente do passado,
ele disse, antes que ele o encontre paralisado,
ele insiste, antes que ele o condense em promessas,
antes de devorá-lo por inteiro.
Tentei pensar em alguma estratégia para invadir o sanatório,
enquanto olhava nervosamente para o relógio.
Mas porque o futuro está sempre atrasado?

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