domingo, 22 de julho de 2012
Precisava de alimento para sua imaginação, poesia para iluminar a alma, filosofia para exercitar o intelecto. Mas há dias estava fechado ensimesmado encucado desesperado consumindo-se nos cigarros que consumia. Não desiste de mim. Tinha nas mãos tudo aquilo que nunca desejara, desejava apenas aquilo que lhe fora negado incessantemente. Esquecia-se até como era sentir as diferentes variações de peso e leveza do toque, as alternâncias de intensidade, a ida da languidez à sofreguidão, à languidez novamente. Sentia apenas o cheiro da solidão e a espessura da fumaça, não lembrava mais do perfume, não distinguia cores, exceto o preto, o cinza e o branco. Nunca vou desistir de você, mas também nunca serei bom o bastante. Será possível que isto te baste? Não havia nem respondido aquela última mensagem, ignorava aquela despedida acanhada, irritava-se com aquele apelo para que ficasse bem. Fica bem, todos clamavam, dançavam em volta de seu cérebro, comprimindo-o, espetando-o, exalando uma dúvida de sabor amargo, mas odor inebriante. Enquanto tivesse a dúvida, as coisas não seriam tão finais, teria forças para levantar-se da cama, teria um arco-íris, em vez do simples e enfadonho pretobrancocinza, e além disso teria um final feliz. Por isso não responderia aquela mensagem, não daria adeus. Abraçaria a dúvida e a ambiguidade contra o seio, as pessoas nunca sabem direito o que fazem, dizem e querem, não é mesmo? A dúvida continuaria pairando, impedindo a sanidade de entrar em cena, ignorando todas as evidências óbvias fornecidas pela razão.
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