Agora escrevo mais porque sinto em plenitude o turbilhão. Se sigo o turbilhão, ah como vivo! Escrevo mais porque vivo, descrevendo mais do que ideando; sentindo o peso de um toque, o corte de uma faca, a ânsia da coisa errada, sabendo como se deram e como valeram. Descrevo-los para mantê-los em mente, não perdê-los de vida. O saber de que viver é bom é o mais valioso dos saberes! O pensamento é tão cheio de complexidades, mas a ação é simplória e só requer força. Um sopro.
O sopro que deixaste escapulir quando cochichaste em meu ouvido, que fez com que vibrasse a pulsação sanguínea numa frequência superior. Se a força motriz vem de outrem, como ser livre? Mas ser livre não é ser só, ser livre é interiorizar essa força e passá-la adiante, em um impulso irrefreável, inconsciente ainda que pensado e calculado.
Ele disparou, impiedoso. Acorrentou-me mas não tomou-me para si. Liberto-me com a força de um universo. O amor continua, a esperança persevera, como um empuxo. Qualquer peso só complementa a gravidade, e quero ser leve leve leve, a ponto de flutuar! Deixo, então, o amor se dissipar. Ele persevera, mas não mais me pesa sobre os ombros.
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