sexta-feira, 1 de junho de 2012
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Devo sofrer em silêncio. Calar-me-ei objetivando que calem-se também as vozes da loucura em minha mente, para que sejam sufocadas as frustrações, para que eu não mais projete em outros minhas necessidades. Mas, faz favor, desassossegue-se em mim. Desague, desabe, desabafe, desfaça, desconstrua, desdiga. Sou pequena, falha e retorcida, pois que cheia de dores. Sinto-me ameixa seca e, ainda, sou o paradoxo do cavalo indomável que urge ser domado. Domestique-me então, pacifique. Clamas para que eu não me feche? O que farei a não ser recolher-me em meus aposentos onde a escuridão carcome, após encontrar todas suas portas fechadas? Cansei-me de chamar-te em vão, de bater em portas que nunca se abrem. Ah, hei de buscar o ar fresco, valorizar como nunca antes um adeus. E a deus, aos deuses, quiça ao Universo, entrego minha causa e minha sorte, porquanto as considero perdidas; não há mais de mim que possa dar além do que ofereci, encontro-me num estágio de fonte esgotada, alma seca, enrugada e vazia. Por isso nada mais cabe a mim, nem eu mesma me caibo, não há espaço nessa clausura absoluta. Não há luz, não há razão. Há apenas o medo, a escuridão e o silêncio. Posso enfim ouvir minha própria respiração dolorida, fruto dos esforços de um peito carregado em demasia.
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