-Eu queria conversar.
Ela tinha tanta coisa para lhe falar, mas não sabia nem por onde começar, tampouco quão longe deveria ir. Ele responde do outro lado da linha, sem suspiros e sem hesitação:
-Claro, passa aqui.
Sua voz é firme e tranquila. Ela sente que dessa vez será capaz de dizer pelo menos alguma coisa. Respira fundo.
-Tá bom.
Os minutos se arrastam enquanto ela dá voltas na cadeira giratória, os olhos fixando-se a cada segundo em um objeto diferente do quarto, incapaz de fixar o seu olhar no dele.
-Não sei porque é tão difícil.
Ele se aproxima, os olhos dela se fixam nos dele agora.
-Não tem problema.
E a medida que os braços dele a envolvem, ela sabe que não será capaz de dizer mais nada. Enquanto estivesse ali, não tinha problema.
-Tudo bem, vai ficar tudo bem.
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