Não ganharás nada mais
Que algumas rimas pobres
Teus silêncios sepulcrais
A meus olhos não são nobres
Tua fuga é tão sorrateira
Tua ausência sempre certeira
Não me atinges mais, soturno
Nem quando esmorece noturno
(Esperar por ti é como
Segurar um fôlego que não)
Esperar por ti é como
Torcer por uma lua em Júpiter
e Saturno
Não, noturno
Te fechas e és envolto por névoa
Que não ousarei perpassar
Pois remanesça soturno
E eu, por ti
Não mais ouso rimar
Há um entrave em minha trama. Ela é feita só de nós que não consigo desvelar. Não há o que contar além do sufoco dos gritos e o desague das lágrimas na fronha do travesseiro. E a quem importa? Pessoa já dizia, não importa, pois nada importa. Acordo sozinha mais uma vez. Sucedo em escrever-te mais um poema. Me calo.
E sou feita de calos e silêncios impostos. Nada desejo independentemente: queria querer (por outrém, a outrém), queria que quisessem por mim. O que resta é imobilismo e agonia. Quando pego uma caneta, escrevo o mesmo lamento. O pânico da existência sem sentido. Instrumentalizada sem espírito. Sem respostas para perguntas infundadas.
Voluntariamente, me calo.
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