Apego
Queria me apegar
Algo, alguém, coisa distinta
Que não seja finda, finita
Não me distraias somente
Com esse sorriso torto
Olhares do escambo demente
Te envolvia com toda força
Em mim colidias, meio morto
E absorta em pensamentos futuros
Nomeei todos nossos nascituros
Apertava o teu pescoço, por derradeiro
Enquanto eu queimava por dentro
Esquivou-se ligeiro
Tornei-me azia e indigestão
Teus gestos e palavras pelas metades
Entaladas em meu estô-âmago
E, pronto, queimação.
E guardo-me na promessa do vindouro
Pois não tenho pressa, o que queima é só desejo
Em mim perdura o afeto insuperável
De quando queimou seu olhar no meu,
[E nossos dedos se entrelaçaram certeiros]
Marca-amor indelével.
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