Se estilhaçar-me em incontáveis pedaços ajudasse a aliviar a sua dor, eu não hesitaria. Mas eu sempre soube que não poderia te salvar. Em meio a confusão de odores e corpos, acabei emaranhada em seu olhar e deixei que a Esperança me ludibriasse por alguns instantes. Quando retomei a consciência, percebi que apenas em meus devaneios nós dois não estávamos infelizes. Sentia a presença do seu olhar sempre presente em minhas costas, apesar de permanecer incapaz de detectar seus esforços mudos de me alcançar. Todas as vezes que eu ousava olhar para trás, seu olhar não estava mais lá para me encontrar. De quem seria a culpa? Minha, sua ou do descompasso?
Não era eu, o problema não era eu. Mas ainda assim a dúvida instigava a inquietação. Virei-me e tentei seguir o rastro do seu desespero, conseguindo me encontrar apenas com a sua sombra.
Eu estava em pedaços e você não tinha salvação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário