sábado, 22 de março de 2014

O finge dor
Inventor da própria esfinge
O cria dor
questionador do criador absoluto
O explora dor
do próprio mundo e de mundos além
O louco que brada os mais diversos
lugares-comuns
E se ilude de que é
possui dor
de revelações extemporâneas.
Ah, o poeta messiânico
escolhido incontestável
que não pode escapar ao seu destino
de chorar dor, ferida e amor
infinitos e infindos.
Pobre coitado bebê chorão inconsolável
o poeta amaldiçoado a sofrer eternamente.
Pois que não consegue escapar da poesia,
cria dor e poesia
nascida de parto natural,
da gestação desenvolvia no estômago
fecundado pelo que não pode ser digerido
- e que fica entalado.
E gera úlceras,
feridas sanguinolentas e ácidas.
A poesia é a própria dor
insuperável.
Que só pode ser combatida em perspectiva,
aumentada,
diminuida,
inventada.

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