quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Desconhecimento no descompasso

Percebera que não havia mais aquela espontaneidade entre elas quando já era tarde demais. Passara muito tempo falando sozinha, errante nos seus zigue-zagues verbais, dando voltas em sua mente. Uma mente que não mais estava em sintonia com àquela outra que sempre estivera conectada diretamente à sua. O baque fora tão violento e profundo que ainda encontrava-se confusa e perdida em função dele. Elas ainda podiam olhar para os outros à distância, rir em unissono e compartilhar aquele olhar que gritava "não entendo essas pessoas". Mas não era mais o suficiente. Ao mesmo tempo em que o desejo de dividir tudo era sufocante, sentir os prenúncios da discordância e de uma discussão faziam com que ela o reprimisse. Agora mais nada era espontâneo. Era tudo programado e falsificado - as pequenas etapas do convívio ordenavam-se pausadamente, intercaladas por silêncios polidos.

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