Café
Fê
cá
De
fe cá
Escrever
qualquer coisa
Qualquer
qualquer qualquer alguma
socorro
é constipação no cérebro
tem
laxante pra isso?
Encontrei
você de novo.
Vamo
lá, fala alguma coisa
Você
não sabe mais falar?
Não
sabe mais escrever
Não
confia nas palavras
Odeia
as palavras
Todas
elas ou só as suas?
Dizem
que tem que chorar
Torrencialmente
E
o fluxo de palavras vai acompanhar
Cadê
café cadê a fé cadê o papel higiênico
Fumar
cafezar olhar pro nada
Incomodar
um estranho por causa de um carregador de celular
Só
pra não escrever mais um pouco
Pra
me decepcionar e me martirizar
Você
não é mártir coisa nenhuma!
Eu
sei que não
Esse
é o problema
Quando
eu acreditava que eu era ALGUMA COISA
Tudo
fluía.
Será?
Ser-nada.
Serenar
Trabalhar
pra
ter como pagar a conta do bar
Mas
eu fico tão cansada, nem quero mais ir pro bar
Caralho
o cara foi até o carro dele buscar um carregador pra mim
Espero
que ele não espere nada
um
homem fazendo um ato desinteressado?
Não
me culpe por achar que isso não existe
NUNCA
VI.
é
tão difícil perceber todas as vezes que a gente já foi abusada
mas
era tudo em nome do amor
pro
Homem nos amar
porque
essa é nossa função
Isso
não é um poema
Isso
foi um ato
o
de depois do café
o
de não ficar
e
de fecar
Era
mais fácil quando eu sabia escrever em prosa. Aí veio essa mania de poeta e eu
fico metida a escrever uns versos. Que nem rimam. Que nem são interessantes.
Que nem eu.
Fragmentada.
Será
que eu já soube quem eu sou? Que crise banal. Mas isso é tudo. Como pode um ego
tão de proporções titânicas cheio de autoflagelação, insegurança e irritação?
Por isso que não tem Deus. Deus ia deixar esse tipo de coisa, por acaso?
A
ser mulherana. Que coisa feia isso de ficar inventando palavra pra poder se
sentir gente, né? Dia desses escrevi que eu era Membra de um conselho
editorial. Não deixaram. Não pode ser membra, fere a norma culta. A norma dos
homens humanos com AGÁ.
Um
homem me emprestou o carregador dele. Não tô dizendo que ele tá aqui na
biblioteca achando que vai rolar alguma coisa nem nada sabe. Mas pra que ser
legal assim? Não faz sentido não. Mas e aí, eu só vou falar com mulher agora?
Eu
bem que queria às vezes.
Nem
é, eu tenho amigos homens, eu gosto de alguns deles.
Mas
eles podiam não ser tão AGÁ às vezes, sabe?
Será
que falar comigo mesma adianta de alguma coisa?
Sei
lá, eu nunca me respondo. Eu fico me perguntando e me procurando mas não tem
nada ali. Nadarrrrrr. Eu fico procurando nas outras pessoas mas eu acho que
ninguém me aguenta. Pode ser tão insegura assim?
Ela
me falou pra pensar o que é amor pra mim. Eu sei lá. Acho que eu nem acredito
nessas coisas. Mas como pode não acreditar e ao mesmo tempo querer pra mim?
Buscando
eu não tô. Queria mais é que caísse no meu colo. Terceira página. E nada de
capítulo da dissertação. Na-da. Mais café? Mais coco? Acho que é porque eu to
menstruada. Eu não quis falar na natação hoje porque eu não queria ser fraca.
Nada a ver. É o contrário. A gente sente uma cólica danada e segue com a vida.
Mas a vida podia pegar leve às vezes né? Mas que mania de ficar falando mal da
pobre vida. Ela dá muita coisa e a gente só sabe cobrar mais.
Por
isso minha obsessão com os cães. Cães na praia. Correndo pras ondas, depois
fugindo delas e repetindo isso inúmeras vezes. Pra eles isso é brincadeira. É
sem nenhum custo, sem sofrimento. Parece ser.
E
se eu só parar agora?
Eu
vejo a cara que eles fazem quando veem que eu tenho pelo no sovaco.
Mas
eu não ligo; ligo um pouco.
Seria
bem mais fácil só raspar
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