Depois de tanto buscar, sinto-me em casa na negação de
um lugar. A multidão organiza-se em filas, enquanto espero indiferente aos
relógios, surda aos anúncios e chamadas. Pertenço em alheamento – entrelaçando meus
dedos com meu medo. A espera é meu momento de repouso, de negação do horizonte
atrás da serra. Ir de encontro a alguém: nem sequer me recordo. Sou passageira
de minhas próprias intenções, alheia à destinação final.
A solidão é o aprendizado de uma vida toda.
A solidão é o aprendizado de uma vida toda.
Enquanto busco o concreto, o semáforo, os carros, os
tijolos compõem a paisagem imaterial que arde em meus olhos. Imito seus contornos,
exaurindo formas geométricas simples. Traço uma linha de encontro a ti. O triângulo
se expande, pontiagudo, oblíquo - mais corpóreo que a cidade.