terça-feira, 1 de maio de 2018

Uma viagem


Depois de tanto buscar, sinto-me em casa na negação de um lugar. A multidão organiza-se em filas, enquanto espero indiferente aos relógios, surda aos anúncios e chamadas. Pertenço em alheamento – entrelaçando meus dedos com meu medo. A espera é meu momento de repouso, de negação do horizonte atrás da serra. Ir de encontro a alguém: nem sequer me recordo. Sou passageira de minhas próprias intenções, alheia à destinação final. 

A solidão é o aprendizado de uma vida toda.

Enquanto busco o concreto, o semáforo, os carros, os tijolos compõem a paisagem imaterial que arde em meus olhos. Imito seus contornos, exaurindo formas geométricas simples. Traço uma linha de encontro a ti. O triângulo se expande, pontiagudo, oblíquo - mais corpóreo que a cidade.